Altar Ego

domingo, dezembro 18, 2005

Podes tirar o chapéu



A música invadia o espaço do quarto, forte, convidativa, poderosa.
Sentada na cama, de saia-casaco preto, deixado propositadamente entreaberto para se ver uma ponta da renda vermelha e preta do soutien, estava ela.
Perna traçada, meio reclinada, de frente para a porta onde dali a minutos ele entraria como fazia todos os dias, depois do trabalho.

Impecavelmente maquilhada, batôn vermelho, sombra preta dando um efeito de mistério e chamada aos olhos verdes, sapatos altos, pretos, meias pretas com a devida cinta de ligas.

Ouve a porta de casa a abrir-se e num instante a porta do quarto. Olha-o nos olhos, aqueles olhos castanhos e profundos que a tiram do sério, o cabelo meio caído sobre os olhos, o fato azul escuro, a linha do queixo forte e determinada. "Jesus...como este homem me tira do sério - pensa".

Levanta-se e vai ao encontro dele, que com um sorriso sacana ao canto da boca olha em volta...e tira logo a conclusão óbvia do que o espera.
Proxima-se felina e ondulante e colando-se a ele dá-lhe um beijo sensual e longo, atirando-o de seguida para cima da cama.

Afasta-se e põe a música mais alto - a música cliché dos strips, a voz rouca do Joe Cocker cantando "You can leave your hat on". Vira-se para ele e lentamente vai tirando a saia, ficando só de casaco, lingerie, meias e sapatos, jigando o corpo ao som da música, os olhos sensuais dele percorrendo-lhe cada mílimetro de corpo com desejo, vontade, paixão.

Tira o casaco a atira-o para o chão, de frente para ele...que se levanta e aproxima dela, puxando-a pela cintura, para ele, possessivamente. Aproxima a boca da orelha dela e sussurra-lhe ao ouvido verdades e mentiras pautadas pelo desejo. A mão, essa desce sensualmente ao longo das costas dela, atiçando, provocando, fazendo-a arquear de prazer. Colam-se um ao outro e perdem-se do mundo num frenético tirar de roupas. Entregam-se um ao outro, esquecendo-se do resto do mundo, plenos, apaixonados, carentes, sôfregos. Juntos são perfeitos, fazem magia, acendem o mundo, aquecem os sonhos. Ofegantes e de desejos acalmados, enroscam-se um no outro.

- Ainda não me respondeste à pergunta que te fiz - diz ele - já pensáste a sério em vivermos juntos?

Ela estremece, já antecipava a pergunta por isso hoje tanto se deu e entregou na louca esperança que ele se esquecesse dessa ideia...

- Querido, já te disse que estamos bem assim...não vamos estragar mais nada...está tudo tão perfeito...

Em silêncio ele veste-se...olhos tristes...olha para ela deitada na cama, cabelos revoltos, pele manchada de prazer, cheiro único e que o desperta como mais nada. Dá-lhe um beijo longo, profundo, cheio de paixão.

- Até amanhã coisa boa, vou para casa então
- Até amanhã lindo

Levanta-se e acompanha-o até à porta, dá-lhe um beijo e apalpa-lhe o rabo...com um riso de sacanagem.
Fecha a porta, sobe ao quarto e abre uma das gavetas do guarda roupa...tira uma caixa grande e abre-a com um sorriso ao mesmo tempo triste e malandro - a caixa cheia de chapéus, dos mais variados feitios.

- Estes são os chapéus que deixo ficar...para os outros amor, para ti nunca os usarei...para ti...serei sempre só eu, e por isso nunca aceitarei o teu pedido.

Põe a música mais alto...rebola ao som de uma batida provocante...veste-se...e põe um chapéu

Posted by simplesmente...mais eu :: 2:32 da manhã :: 4 Comments:

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